Uma Lista
Eu queria a beleza de achar que achei pela primeira vez
Queria a tranquilidade de não achar que vai sumir de novo
Queria não ser pega na miopia
Queria não perder, de novo, por algum motivo bobo
Queria não conhecer a saudade de maneira tão íntima
Queria separar feijões sem deixar um ou outro ir para debaixo da geladeira
Queria prever cada tranco, para colocar a mão à frente, como quem impede que algo pior aconteça
Queria que fosse natural entender
Queria explicar que não sei se vai chover, mas que lembro de como é quando chove
Queria um copo vazio a ponto de ser fácil destrinchar cada gota do céu em letras afim de tantas outras
Queria te olhar meio à chuva de carnaval e pensar, “será?”
Mas a verdade é que eu sou uma chuva tropical, ainda não sei como é ser longa, só sei como ser grande
E sei tanto, que mesmo tendo passado tanto tempo, o chão ainda é barro que afunda, sem dificuldade, a vontade de nunca ter conhecido
Queria não pensar nessa lista
Queria não ter noção que a cada vez que vejo vir e partir, menos vem
Queria não saber que mirar os trópicos pela primeira vez, só acontece uma vez